Quando pensamos em reciprocidade, por tantas vezes caímos na ilusão sobre uma falsa sensação de 50% de dedicação lidando com duas partes envolvidas. Compreender que o repertório sobre relacionamento, sobre o ato de se relacionar de cada um é envolto por histórias que se diferem em conceitos, palavras, atitudes, torna um pouco mais branda a ansiedade de que o outro tem pra entregar a intensidade que você está se doando.
Isso acontece comigo, há anos, e constantemente troco experiências com amigos e amigas, adultos, que se esforçam para comunicar ao outro que se sentem muito mais doares do que recebedores de amor e tempo. A frustação nasce aí. Reforço sobre o tempo porque este é o maior valor que temos para entregar, desde o tempo de escuta, o tempo de qualidade nas trocas, o tempo de fazer nada juntos quando existe um desejo real de compartilhar tempo.
Pensamos e sentimos a reciprocidade desiquilibrada, especialmente quando nota-se essa dedicação que envolve amor, carinho, tempo, cenários, situações, em que somente um dos lados monta, promove e estimula. É a história de Maria, que entrega tempo de qualidade para João, que trabalha tanto e nem sabe o que é qualidade, mas deseja ter Joanas e Joaquinas, sem ao menos compreender essa distribuição do seu tempo que é tão escasso.
Não friso aqui sobre direitos iguais, porque seres humanos são diferentes e não frequentam as mesmas escolas afetivas no tempo adequado para adentrarem uma fase adulta mais preparados. Porém, destaco o quanto vivemos tempos livres para escolher, sejam relações exclusivas ou não, com a reciprocidade saudável e necessária para que ambos se sintam como seres importantes, pessoas amadas, dispostos a construir histórias, memórias e aventuras compartilhadas nessa limitada vida terrena.
Quero apenas propor essa reflexão constante, sobre o quanto a consciência desse desequilíbrio que faz feliz ou triste. Perceber que essa polaridade do feliz ou infeliz tem toa relação com tempo, amor e empenho, minimamente equilibrado entre o que se dá e o que recebe. A admiração e o querer bem moram nesse lugar, onde falamos e somos ouvidos, onde beijamos e somos beijados, onde promovemos encontros e também somos surpreendidos.
VIVER é lindo assim, com a reciprocidade sendo uma verdade em cada relação que queremos estar.
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