E o momento mágico chega, que se mistura a uma dor insuportável, mas que passa, e o medo de todo o procedimento que de simples não tem nada. A apreensão acaba após algumas horas de esforço e tensão, que no meu caso, nesta segunda vez, durou 3 horas, e ao se deparar com a perfeição da geração de uma vida, só sobra amor e uma desgastante rotina que se inicia, mas sendo a segundinha filha, já sabia o que estava por vir. Então bora "arregaçar" as mangas e abraçar a causa.
A saúde estava perfeita, pré-natal adequado, exames dentro da normalidade mas o que me afligia ao chegar no 9º mês era: por que ela não está pronta? Tendo apenas uma referência de gravidez na vida, imaginei que "provavelmente" seria tudo igual ou bem parecido, mesmo ouvindo que as filhas seriam completamente diferente uma da outra, porque é clichê dizer isso para mães de 2 ou mais.
O que eu esperava? Simplesmente o rompimento da bolsa, já que seria um sinal evidente de que havia chegado a hora e Laís nasceria linda e feliz no procedimento esperado e desejado - "parto normal". Eis que durante a gestação pesquisei ainda mais sobre os sinais e questionei minha médica sobre as infinitas possibilidades de início de trabalho de parto. Aí então descobri que o mais adequado seria que a bolsa não rompesse como primeiro sinal, já que dessa forma o útero já não está tão disposto às contrações. E assim, outros sinais poderiam surgir... então espere Nádia, espere!
E eu sempre pensava, como detectarei a tal contração, já que faz quase 3 anos que não a sinto? E como diferenciar as de Braxon, que são as falsas, das realmente verdadeiras? Bom, tudo isso o corpo informa, não se deve é ter medo porque o medo atrapalha, e muito, ou angústia que corrói a mãe por dento, já que a natureza humana é tão perfeita que tudo se torna óbvio quando está acontecendo. Então, vamos com calma.
Minha primeira chegou com 38 semanas e 5 dias, então a partir dessa época já alimentei uma enorme expectativa de que a hora estava chegando, chegando, chegando...e nada! Tirei férias para esperar, nada de licença porque me sentia muito bem, chamei minha querida mãe, que vive a 350 km de mim (ai que tristeza!), para ficar comigo enquanto marido estava trabalhando pela cidade de São Paulo, e comecei a fase de artesanatos e caprichar na criatividade culinária em casa, já que é o que resta à gestante que já ganhara 12 kg, seria esperar, comendo, dormindo, lendo, e tudo que é estático nessa vida, que pode ser feito em casa.
E passei pela 38ª semana, adentrei a 39ª e nada de sinais... coração ia a mil e chorava ao ter pensamentos ruins! A sentia mexendo, a sensação era de saciedade total, como se eu tivesse comido um leitão inteiro, mas nenhum sinal de verdade, a ponto de ir pra maternidade ... que pena!
A 40ª semana chegou e não tinha grupo de mães de Redes Sociais que amenizava tal ansiedade.
As consultas na obstetra passaram a ser semanais, depois a cada 3 dias e fui em dias alternados à maternidade para acompanhamento da vitalidade da bebê. Podem até parecer excelentes essas visitas, mas na recepção de uma maternidade se vê de tudo, desde a alegria dos pais saindo com seus bebês no colo, os carrinhos cheios de presentes, a correria das gestante dando entrada no hospital, até o chororô pela falta de saúde, o desespero por não ter nascido vivo, e outros tantos incidentes que acontecem com a vida.
Neste contexto, tentei não me envolver com os sofrimentos alheios e nas duas visitas que fiz tive a tranquilidade do resultado positivo de coração, respiração e tudo mais que era necessário. Na ocasião, fui poupada até pela ajudante de casa, a Dona Creusa, que havia perdido um sobrinho nessa exata semana porque faltou forças pra sua irmã no parto normal, lá na Bahia, e o bebê não sobreviveu aos esforços mecânicos que tiveram que fazer para ajudá-lo.
E no meu último exame de acompanhamento, a situação mais inusitada foi pergunta da médica ao iniciar a ultrasson:
-"Qual a dpp? Data prevista do parto?
E eu respondi: -"Era ontem"
- "Calma mãe, está tudo dentro do esperado, até as 42 semanas a bebê estará super bem aí dentro".
Não, eu não estava preparada para todo esse tempo de gestação. E quem está né?
Eis que depois de 3 dias minha Laís chegou. Carinhosamente pedi menos visitas aos amigos e parentes, e tive uma excelente recuperação de 2 horas na maternidade. Dois dias de calmaria pra reaprender a amamentação, já que a segunda viagem é mais fácil, e saímos no terceiro dia, após o exame do pezinho e a sessão de fototerapia pela icterícia, mais comum ainda em sangue O-.
E vamos que vamos que essa história só está começando!
Ser mãe é padecer no paraíso sim, e são esforços a serem vividos com o menor drama possível.
Mais amor e menos lamúria pelo bem de todos!
Feliz!
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